Destaques do ano do Papa Francisco: oração e esperança diante da pandemia

Foto: Vatican Media

Destaques do ano do Papa Francisco: oração e esperança diante da pandemia

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Radio America | Rádio América

23/12/2020 12:54 pm | Atualizado em: 23/12/2020 12:54 pm

O ano do Papa Francisco foi bastante intenso, mesmo sem nenhuma viagem apostólica. A imagem dele sozinho na Praça São Pedro, no dia 27 de março, resume e marca o que foi 2020 a partir de Roma. Num contexto tão desafiador, Francisco mostrou ao mundo inteiro, por meio da leitura da Palavra e da oração, a importância de despertar e ativar a solidariedade e a esperança.

Mas o Papa Francisco também continuou deixando as marcas de seu pontificado por meio de documentos, cartas, discursos, catequeses e homilias. Além da oração Urbi et Orbi extraordinária,também foram marcantes em 2020 a publicação da carta encíclica Fratelli Tutti, as catequeses, as orações e os eventos “A Economia de Francisco” e o “Pacto Educativo Global”.

Confira alguns destaques no ano do Papa Francisco:

Visitas Ad Limina

Em 2020, os bispos do Brasil fariam suas primeiras visitas Ad Limina Apostolorum ao Papa Francisco. Por conta da pandemia, somente o Regional Sul 2 pôde estar com o Papa.

Cartas

Por meio de cartas, o Papa Francisco fez ajustes na estrutura administrativa da Cúria Roma e da Cidade Estado do Vaticano. Também foi com este instrumento que Francisco solidarizou-se com o Papa emérito Bento XVI pela morte do seu irmão monsenhor Georg Ratzinger, no dia 2 de julho.

Em abril, o Papa publicou carta a todos os fiéis para o Mês de Maio, na qual propôs a redescoberta da beleza de rezar o Terço em casa.

Cartas Apostólicas

Entre as principais cartas apostólicas do Papa Francisco em 2020, uma dedicada a celebrar o XVI centenário da morte de São Jerônimo, no dia 30 de setembro. “O afeto à Sagrada Escritura, um terno e vivo amor à Palavra de Deus escrita é a herança que São Jerônimo, com a sua vida e as suas obras, deixou à Igreja”, destacou Francisco.

O Papa também modicou o Código de Direito Canônico com a Carta Apostólica sob forma de Motu proprio “Authenticum charismatis”, que trata da sobre instituição de institutos de vida consagrada.

Agora em dezembro, Francisco convocou o ano de São José por meio da Carta Apostólica Patris corde, publicada por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja Universal.

Encíclica Fratelli Tutti

Neste ano, Francisco somou ao seu magistério a encíclica Fratelli Tutti – sobre a fraternidade e a amizade social. O documento foi assinado em Assis, no dia 3 de outubro, e traz o desejo do Papa que “neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade”.   Fratelli tutti (3 de outubro de 2020)

Exortação Apostólica Querida Amazônia

Fruto do Sínodo Extraordinário sobre a Amazônia, a exortação apostólica Querida Amazônia foi publicada em 2 de fevereiro. No documento, o Papa apresenta os seus quatro sonhos para a região.

“Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida.
Sonho com uma Amazónia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana.
Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.
Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”.

Mensagens

Anualmente, o Papa divulga uma série de mensagens por ocasião de datas celebradas mundialmente pela Igreja, como os dias voltados para a Alimentação, as Comunicações Sociais, o Doente, a Juventude, os Pobres e a Vida Consagrada, por exemplo. Cada uma dessas mensagens é objeto de inúmeras iniciativas e reflexões por parte dos clérigos, religiosos e agentes de pastoral relacionados à temática.

De modo especial, destacam-se duas mensagens pontifícias enviadas ao Brasil. Em 25 de janeiro, em vídeo, Francisco solidarizou-se com as famílias das vítimas da tragédia de Brumadinho após um ano do crime socioambiental.

No mês seguinte, Francisco manifestou comunhão com todo o Brasil por ocasião da Campanha da Fraternidade, reforçando “a superação da globalização da indiferença só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano”. Francisco rezou para que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, fossem “para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”.

Neste ano, a Igreja contou com duas mensagens Urbi et Orbi. No mês de março, Francisco convocou o momento extraordinário de oração no momento em que a pandemia atingia de forma mais latente a Europa. Na Páscoa, a já tradicional mensagem à cidade e ao mundo. Nas duas ocasiões, Francisco motivou e apontou Cristo como esperança do seu povo.

“O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor”, disse Francisco.

Orações

O Papa Francisco dedicou outros momentos especiais para oração. Ainda em março, um dia de oração e jejum. Em abril, ofereceu uma prece a Maria para o mês dedicado a Nossa Senhora. No centenário de nascimento de São João Paulo II, Francisco fez memória da data com uma oração específica, no dia 18 de maio. No mesmo mês, o Papa participou de uma oração conjunta pelo 5º aniversário da encíclica Laudato si’.

Séries de Catequeses

Francisco frisou de forma particular a necessidade de uma vida de oração para os católicos. Durante suas catequeses nas audiências de quarta-feira, Francisco ofereceu um ciclo de 19 reflexões sobre o tema. “A oração é o respiro da fé, é a sua expressão mais adequada. Como um grito que sai do coração de quem crê e se confia a Deus”.

Em janeiro, o Papa Francisco concluiu as catequeses sobre os Atos dos Apóstolos e motivou à leitura do livro: “Lede o Livro dos Atos dos Apóstolos e vereis como o Evangelho, com a força do Espírito Santo, chega a todos os povos, se torna universal”. Na última semana, deu início às catequeses sobre as Bem-aventuranças, consideradas o “’bilhete de identidade’ do cristão”, isso porque “delineiam o rosto do próprio Jesus, o seu estilo de vida”.

No contexto da pandemia do novo coronavírus, Francisco ofereceu a série de catequeses “Curar o mundo”, com nove reflexões.

“Refletimos juntos, à luz do Evangelho, sobre como curar o mundo que sofre de um mal-estar que a pandemia  realçou e acentuou. Já havia o mal-estar: a pandemia realçou-o mais, acentuou-o. Percorremos os caminhos da dignidade, da solidariedade e da subsidiariedade, caminhos indispensáveis para promover a dignidade humana e o bem comum. E, como discípulos de Jesus, começamos a seguir os seus passos, optando pelos pobres, reconsiderando o uso dos bens e cuidando da casa comum. No meio da pandemia que nos aflige, ancorámo-nos nos princípios da doutrina social da Igreja, deixando-nos guiar pela fé, pela esperança e pela caridade. Aqui encontramos uma ajuda sólida para sermos agentes de transformação que fazem sonhos  grandiosos, que não se detêm nas mesquinharias que dividem e magoam, mas encorajam a gerar um mundo novo e melhor”.

Pacto Educativo e Economia de Francisco

Com grande expectativa, mas impactados pela pandemia, os eventos sobre o Pacto Educativo Global e a Economia de Francisco ocorreram de forma virtual.

Francisco enviou mensagem em vídeo para os participantes do Pacto Educativo Global, no dia 15 de outubro, ressaltando que “educar é sempre um ato de esperança que convida à comparticipação transformando a lógica estéril e paralisadora da indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum”.

Para o Papa, é necessária hoje “uma renovada estação de empenhamento educativo, que envolva todos os componentes da sociedade”. Ao convidar a escutar o grito das novas gerações, Francisco sugeriu às famílias, comunidades, escolas e universidades, às instituições, religiões, governantes, à humanidade inteira um compromisso em sete pontos.

Numa tarefa inadiável, o chamado a um “compromisso generoso na esfera cultural, na formação acadêmica e na investigação científica”, uma nova economia.

No dia 21 de novembro, ocorreu o evento em Assis sobre a Economia de Francisco. O Papa incentivou jovens economistas, empresários, trabalhadores e dirigentes empresariais a serem ousados para “fomentar e estimular modelos de desenvolvimento, progresso e sustentabilidade em que as pessoas, e especialmente os excluídos (e entre eles, também a irmã terra), deixem de ser — no melhor dos casos — uma presença meramente nominal, técnica ou funcional para se tornar protagonistas das suas vidas, assim como de todo o tecido social”.

Fonte: CNBB

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