19/04/2024 7:14 pm | Atualizado em: 19/04/2024 7:22 pm
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) concluiu a sua exitosa 61ª Assembleia Geral Ordinária, celebrada no Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Um evento de fé, que fortalece a espiritualidade da comunhão e o compromisso missionário. No encontro, a participação relevante de 310 bispos que estão na condução de dioceses, sendo seus primeiros servidores, 160 bispos eméritos, linha de frente no testemunho e na profecia, e uma multidão de fiéis entrelaçada pelo olhar fixo no Senhor da história – Jesus Cristo Crucificado-Ressuscitado. A Assembleia Geral é oportunidade para refletir sobre a realidade interna da Igreja Católica no Brasil, efetivando sempre mais a sua relevante atuação no conjunto da sociedade brasileira, em comunhão com a ação missionária da Igreja em todo o mundo, sob a liderança do Papa Francisco. Sublinhe-se a importância do acompanhamento e adequada informação sobre a Assembleia Geral da CNBB, caminho para contribuir com projetos e programas muito importantes, particularmente para os pobres e sofredores, alcançando ainda uma compreensão capaz de desmontar opiniões equivocadas, ataques indevidos e injustos.
Durante dez dias, a Assembleia desenvolveu uma pauta extensa e diversificada, demandando muitas jornadas de trabalho, sempre emolduradas e iluminadas pela oração de toda a comunidade reunida. As preces entram em sintonia com as orações de toda a Igreja, também a partir das facilidades tecnológicas oferecidas pelo campo da comunicação. Assim, alcança-se grande força espiritual. Os trabalhos na Assembleia envolvem apresentação de relatórios, debates com importantes intervenções, experiência sinodal de comunhão e participação, votações e discernimentos, em muitos encontros. Uma dinâmica que favorece a consolidação de laços de amizade e de mútua cooperação, firmando os passos da Igreja na sua missão. Na Assembleia Geral da CNBB, verifica-se ainda uma grande riqueza intercultural e social, especialmente a partir do compartilhamento de experiências missionárias diversificadas, considerando o Brasil com as suas dimensões continentais. Conhecer sempre mais sobre as muitas experiências missionárias contribui para revelar e fortalecer a capilaridade da Igreja Católica, com tantas frentes missionárias e de serviços, exercendo a sua nobre missão de anunciar o Reino de Deus.
Nas dinâmicas da Assembleia Geral da CNBB são refletidas as riquezas, os desafios e as fragilidades na missão evangelizadora, ressaltando a grandeza do Povo de Deus – tantos evangelizadores engajam-se no anúncio do Evangelho, garantindo a presença viva da Igreja na realidade de muitas pessoas. O reconhecimento e a gratidão aos evangelizadores estão expressos em especial Mensagem aos Católicos publicada pela Assembleia. A mensagem tem força de convocação para que aumente sempre mais o número daqueles que se colocam na “linha de frente” de trabalhos missionários, na rede de comunidades da Igreja, Brasil afora. O trabalho de missionários e missionárias é uma ação incontestável do Espírito Santo de Deus, força amorosa de inspiração e de sustento das comunidades de fé. A ação missionária é serviço que se desdobra em profético cuidado com os pobres e vulneráveis, inspirando adequado exercício da cidadania, essencial para superar descompassos gritantes da sociedade brasileira.
Ao considerar a realidade do Brasil, os bispos também dirigem mensagem ao Povo Brasileiro, corajosamente denunciando as agruras da realidade social, com tantas situações que penalizam, perversamente, os pobres e indefesos. Com assertividade, a mensagem publicada na Assembleia Geral aponta as pertinentes preocupações com a paz no mundo, alertando sobre as guerras que nascem e se alimentam de autoritarismos, interesses econômicos mesquinhos e da lógica perversa do mercado. O texto faz ainda menção ao armamentismo, promovido por cegos interesses financeiros. Acolher o que dizem os bispos pode contribuir para que todos os cidadãos cultivem parâmetros ético-morais capazes de inspirar uma reação diante dos graves problemas enfrentados pelo Brasil e pelo mundo. Essa reação deve ocorrer, principalmente, a partir do exercício da compaixão, que permite reconhecer as urgências e os direitos dos deserdados da sociedade.
Nos parâmetros da compaixão, a Igreja Católica, em cooperação com outras instituições, investe no horizonte de uma ecologia integral, inspirada em São Francisco de Assis. A vida de São Francisco, as suas atitudes, permanecem atuais, constituindo uma escola que prepara o ser humano para adequadamente viver a fé e a cidadania. E a Igreja Católica, quando realiza a Assembleia Geral da CNBB, busca contribuir para oferecer respostas aos desafios deste tempo, enquanto, ao mesmo tempo, cuida do precioso dom da fé, desenvolvendo metodologias, programas e projetos, para que a espiritualidade cristã católica, celebrada cotidianamente, ajude a alavancar a vida plena – compromisso de todos os cidadãos que estão a caminho do Reino definitivo.
A densa pauta da Assembleia Geral, já refletindo sobre as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, fortalece a ação missionária, inspirando um sentimento de gratidão e entusiasmo diante de tantos trabalhos e pessoas que se dedicam ao anúncio do Evangelho. A Igreja Católica sempre está desafiada a contribuir com adequadas respostas para os problemas que nascem no caminho da humanidade. Um desafio que convoca todas as pessoas a se unirem à Assembleia Geral da CNBB para partilhar um compromisso: corajosa e profeticamente, lançar o olhar sobre o mundo e a vida da Igreja, e caminhar na direção de soluções para os graves desafios da sociedade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte